quarta-feira, 13 de julho de 2011

Por que gosto


Gosto porque gosto, sem motivo certo. Gosto, aliás, por motivo totalmente incerto. Acho que a magia do gostar mora justamente nessa indefinição, no ponto de interrogação, no mistério quase indecifrável que não quero me arriscar a desvendar. Não quero me aventurar a descobrir o que há ali de verdade, prefiro ficar com o gostinho da vontade e da curiosidade. Prefiro ter o prazer daquele que descortina aos pouquinhos, sem pressa. Prazer protelado é prazer prolongado. É assim que vai ser. Sou atraída pelo que é raro. Gosto da sensação de não ter tudo, gosto de desejar. Gosto do ideal que criei e gosto mais porque você me oferece goles que nunca me satisfazem por completo e que me dão vontade de ter sempre um pouco mais. Às vezes tenho a sensação de que criei esse ideal não sozinha, de que o compartilho com alguém. Às vezes tenho a sensação de que esse ideal pode se tornar real quando eu estiver na companhia da pessoa que compartilhou desse ideal comigo, mesmo que inconscientemente.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A fábula do ontem

Kandinsky
Há histórias fabulosas... que mais parecem estórias, sim, pois só a mente humana é capaz de criar estórias tão extraordinárias, tão raras. Cada uma é única, irrepetível, pois como já foi dito certa vez, "nenhum homem se banha duas vezes no mesmo rio". Depois que passa fica a lembrança do que a gente foi, da sensação que tínhamos. Uma vez ouvi em um filme que nós, seres humanos, somos viciados em sensações. Essa frase, naquele contexto, me fez refletir um tanto e concordar com ela. A gente realmente se "vicia" e, instintivamente, procura ter mais um pouco daquela sensação que certas coisas, pessoas ou situações nos proporcionaram, porém, é impossível encontrar outra sensação idêntica em uma nova experiência, pois, retomando a metáfora, você já não será o mesmo homem e as águas do rio também não serão as mesmas. Uma determinada sensação só pode ser reencontrada integralmente em um único local: na lembrança, no registro de memória. Talvez seja assim justamente porque nós achamos mais fácil dar valor as coisas mais escassas e de difícil acesso da vida, e também, claro, porque essas histórias se dão o devido valor e não ficam se repetindo por ai como os espetáculos do nascer e do por do sol, recorrentes diariamente, os quais quase ninguém se lembra mais de admirar. Se fosse ordinário não seria tão especial. Tal singularidade é a responsável por tornar certos sentimentos/sensações tão incríveis e inesquecíveis a ponto de conseguir fazer um ser humano viver uma vida inteira com aquela lembrança do longinquo como se fosse do ontem. E ai? Em qual sensação você é viciado?

terça-feira, 22 de março de 2011

Se faltar amor



Ah, sem amor tudo falta
Falta coragem
Falta vontade
Falta solução

Falta a conversa porque falta o assunto
Falta a resposta porque falta a pergunta
Só o que não falta é o azarão

O que se ouve é barulho
Falta música
O que se vê é cinza
Falta cor
O que se fala é grito
Falta até educação

Meu amigo,
Se faltar amor, pode desistir
Não tem jeito, não

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O mundo sentido


Não é importante o fato das cores e gostos não causarem a mesma sensação a todos. Importante é a minha percepção para mim e a sua, para você. Cada ser vive a sua realidade individual, não sendo questão qual é a correta, pois nenhuma é errada. O mundo é, para nós, o que nossos sentidos nos deixam perceber.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Enfim, chegamos ao mundo

O ato de abrir os olhos para ver o mundo, conhecê-lo; chegar perto das coisas e, principalmente, das pessoas. Entrar num campo que nunca será totalmente conhecido, porém, que  se revela lenta e gradualmente conforme a nossa curiosidade e atenção. Um mundo que insiste em nos ensinar o dom da aceitação, nos empurra para expansão da mente. Abrir os olhos não é o bastante, precisamos abrir a cabeça para as diferenças. Precisamos aceitar o ser humano exatamente como ele vem, com suas características mais genuínas, ainda que totalmente inusitadas e inesperadas por nós. Mais sublime que a missão de "consertar" o outro, é recebê-lo de peito aberto. As pessoas não são nada além de um apanhado de características e singularidades, jamais defeitos, apenas diferenças de uma para outra. A chave para a paz, a maior lição de amor que podemos aprender, se chama aceitação, total e irrestrita. Fazer novidades inimagináveis se tornarem triviais frente ao nosso amor e à nossa experiência acumulada em incontáveis idas e vindas. Entretanto, é importantíssimo identificar e respeitar uma linha tênue entre a aceitação e o envolvimento ou incorporação de características ou hábitos que consideramos desnecessários ou prejudiciais. O Exagero, até mesmo esse ato de amor ao próximo, que é a aceitação, se mal administrado, pode nos embaraçar.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Um amor para viver, pois


Se reacende a chama
Com ela ascende o drama
Verdade mesmo que ama?

Será mesmo alguém
Nesse mundo de tanta gente
Capaz de amar ninguém?

Quando quero dizer de amor
Falo de falta de lógica
Quando prudência é incapaz de se impor

Um coração feliz (ou dois)
Um pouco que significa tudo
Uma história para viver, pois

domingo, 10 de outubro de 2010

Simplesmente, amor


Um quebra-cabeças: um meio de se chegar à desejada resposta. O porquê, a finalidade. Se nada é em vão, qual será então o nosso maior propósito? Será o amor? Tantos são os laços afetivos. Tantas são as pessoas que conhecemos, seja por meio da conhecida "entidade familiar" ou pela própria vivência. Pessoas cruzam nossas vidas e percebemos o amor despontar, e, sentimos, vivemos o amor, mesmo que tortamente.
O amor está sempre presente em nossas vidas. Mesmo no ser menos elevado mora o bem-querer, ainda que mal dosado, mal entendido ou mal aproveitado. É simples o amor, mas a nossa incessante busca pelo saber amar é complexa. É necessário não só compreender que o amor é, de fato, sublime e desapegado; é imperioso que se aprenda, verdadeiramente, a viver o amor dessa maneira suave.
Nós, que ainda estamos aqui e compartilhamos dessa maneira de amar toda peculiar, estamos a caminho, parece que ainda bem longe do objetivo, porém. Nos apegamos a quem amamos, o que nos leva a agir de maneira egoísta. Em nosso mundo é assim, não é mal cultural, mas intrínseco aos próprios seres que aqui vivem. Até nos animais é possível notar o ciúme e o apego no modo de amar.
Um dia conheceremos o amor, como no mundo das ideias. O amor perfeito, libertador, que acalmará o coração de modo que jamais padecerá este de mal algum. Não haverá ciúmes, nem lamentações. O abraço tão carecedor de ser endereçado a um outro ser determinado, poderá ser destinado a qualquer outro com o mesmo enlevo, pois que seremos ligados por um único laço. Um laço sem nó que unirá todos nós, conhecidos do único canal possível: a "entidade vida". Conseguiremos assim, de fato, amar uns aos outros como a nós mesmos, em igual medida, de forma que não importará a aparente procedência de cada um, pois será compreendido que todos temos a mesma origem.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tão logo

Tão logo eu te sorri,
você veio comigo
Com corpos e mentes
estamos a caminhar

Sobre ideias e ideais
a gente divaga bem devagar
Encantos por todos os cantos
a vida há de nos proporcionar

Nada é não dito,
mesmo no silêncio...
Bendito silêncio!

domingo, 26 de setembro de 2010

Abençoar

O que é abençoar 
senão bendizer?
Qualquer pessoa 
tem esse poder
Abençoar o outro 
é também à si
o bem fazer

Elogio sincero
Sorriso de paz
Abraço de alma
Só bem isso faz

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sintoma da redoma que quebrou

Fora da redoma, 
a liberdade toma, 
se voltar não soma, 
expandir é sina, 
sair da rotina, 
subir a cortina, 
descobrir fascina!

[me desculpa a rima]

sábado, 18 de setembro de 2010

Como um rio

Como um rio, a vida é feita de renovações. Como um rio, a vida passa por períodos de cheia e também de escassez. Há tempos em que a água é turva e outros em que é límpida. Há tempos em que a correnteza é forte e há tempos de pura calmaria. Não há tristeza que não se vá nem felicidade que não se achegue. Muita coisa depende só mesmo da gente, pois sobre o rio da nossa vida nós temos certo controle. A vida é como um rio corrente e cheio de bifurcações, o que nos obriga a fazer constantes opções. A escolha das bifurcações, para muitos, é complicada. É vital uma boa dose de razão, mas também de sentimento nessas horas. De suma importância é, também, saber avaliar os riscos para que seja evitado qualquer sofrimento desnecessário, seja imediato ou posterior. Além de tudo isso, é preciso coragem para assumir a decisão, pois muitas vezes a bifurcação escolhida tem correnteza tão voraz que não permite que se volte atrás para tomar um outro caminho. Mesmo em águas calmas, nas quais se consiga retroceder no percurso, a tarefa não é nada fácil, pois as águas do rio sempre continuam seu curso, independente de qualquer coisa e remar contra a corrente despende não só muita vontade, mas também enorme esforço.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Rei

esse é teu império
são limites o céu
e o alcance dos olhos

soberano, intangível
você, Rei, observa,
manda e desmanda

lá do pedestal,
metros e metros,
tu jamais desceste

teu olhar mira
à frente,
à cima

mas tu não te moves mais,
meu Rei,
por quê?

passaram-se cem anos,
viraste estátua,
perpétua, sim,
mas calada

teus súditos são outros

eles não se importam
te sobrevoam,
te pousam,
te sujam

teu legado, qual é?
em nada nem ninguém
ficou bom vestígio teu

a quem passa,
quando te vê,
nem mesmo resta
indagação sobre
quem fora aquela estátua

à eles tu és como nada
o sangue azul
não te fez eterno,
nem mesmo melhor

sábado, 11 de setembro de 2010

O engano

Ilustração: Re Maniassi
Eu detesto mentir e minto muito mal, por sinal. Porém, até aceito se preciso for. Eu faço esse sacrifício. Eu minto pra você, minto pra eles, minto pra quem, realmente, for necessário! A única pessoa pra quem eu me nego, em absoluto, a mentir ou manter no engano sou eu mesma. Comigo tenho firmado esse compromisso, que é definitivo para essa vida inteira. Não farei maquiagens diante do meu próprio espelho, não segurarei a lágrima do meu choro nem o riso da minha alegria. Só de reconhecer minhas fraquezas, além das virtudes, já me torno mais forte. Por isso serei sempre fiel a mim. E se, em algum momento, pairar a dúvida eu vou refletir até encontrar a minha resposta, pois nunca gostei das dúvidas. Pra mim elas representam um desafio que não me deixa descansar antes de superar. Não suporto ver nada, seja gente ou seja assunto, em possível indefinição ou ou ambiguidade. Gosto e preciso das coisas claras, translúcidas. Meu único prazer com relação à dúvida é torná-la certeza, seja qual for a verdade. Aposto todas as fichas, dou todos os meus bois pra sanar/sarar a tal. Em troca, um alívio incomparável e sem preço.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Você me (faz) chama

De longe teus olhos me chamam
Brilham tal qual chama acesa ao me ver
A cada passo meu coração se aquece
Pois que também é como chama a arder
De perto teu braço me abraça
Teu peito em calor me acolhe assim
Contigo não há pranto, mas paz
Bendigo os céus, pois sou feliz agora, enfim

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Olá, novato

Paguei pra ver e vi. Tudo ali, como bem pensei um dia, ou melhor, como nunca imaginei! Contente agora? Parece que não (parece?). Quantos espetáculos terei mais por essa vida real, que, às vezes, parece mais é irreal de tão bizarra que insiste em ser. Por tantas vezes se assemelhando a comédias e dramas infindáveis que duram apenas algumas horas. A vida é pura contradição, a gente é pura contradição. Nada é definitivo, senão a transitoriedade das situações e condições. Talvez essa seja a graça. Por mais que se seja veterano, por aqui a gente é sempre novato. Novato, ingênuo, inexperiente. E, por mais que se aprenda, sempre há muito o que aprender e são tantas as possibilidades que não há como se acostumar plenamente à vida em si, às suas singularidades. Assim é, e assim deve ser, pois só o novato vê com olhos de quem jamais viu, se surpreende com pequenas coisas, se deslumbra ao ver a Lua, se apaixona ao ver um gatinho na calçada, agradece poder desfrutar cada pôr-do-sol...
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