terça-feira, 1 de junho de 2010

A Criança

"(...) Queria ser alguém mais vivido, mais importante, mais especial. Queria ser alguém, alguém mais adulta"

Retirei essa frase do meu diário de quando eu tinha 10/11 anos. Eu era uma criança e era feliz, com uma infância cheia de amigos, diversão... e olha só o que eu queria: Ser grande! Lembro que eu ficava olhando para as meninas grandes e imaginando se eu me pareceria com elas quando crescesse, se eu seria bonita, inteligente, admirada, se eu teria um namorado. Imaginava quando eu iria poder sair sozinha com minhas amigas pra dançar etc. Mal sabia eu tudo o que me esperava dali a uns anos... Tudo aquilo que eu imaginava foi acontecendo pouco a pouco e, como acompanhamentos não tão gostosos, as responsabilidades, claro, e também o tal do "bom senso"!


Hoje em dia parece que me acontece o processo inverso. A menina grande aqui olha para as crianças com uma pontinha de inveja e uma enorme admiração. Se você ainda não parou pra reparar então repare: elas dançam sem música, falam sozinhas na rua, deitam no gramado ou saem correndo sem mais nem menos se tiverem vontade, imaginam um avião se querem brincar de ser piloto ou uma espaço-nave se agora querem ser astronautas. Elas não têm vergonha de sua criatividade, não têm vergonha do que sai da cabeça delas e não são consideradas loucas por nada disso nem por terem ideias absurdas. Quer melhor que isso?! 

E outra coisa: A sinceridade. A sinceridade das crianças é coisa de se admirar muito! Deixa muita gente grande encabulada, mas elas não tem culpa de serem verdadeiras. Ainda não aprenderam a maquiar a verdade pra agradar a ninguém. Quando a gente vira gente grande até o direito de ser totalmente sincero a gente perde. Nos vemos então obrigados a falar meias verdades só pra sermos bem aceitos ou não magoar o outro. A criança, por outro lado, nem quer saber. Fala umas verdades, dá uns tapas e tudo se resolve ali mesmo.

É, depois disso tudo só tenho uma constatação a fazer... A gente perde os direitos mais simples e lindos quando vira gente grande, não tem como negar! Experimenta começar a falar sozinho pela rua ou sair correndo sem motivo pra ver o que te acontece. No mínimo vários olhares de pessoas duvidando de sua sanidade mental você vai receber! 

Ah, que invejinha desses pequenos...

4 comentários:

meus instantes e momentos disse...

que bom vir aqui...
Maurizio

Robson Ribeiro disse...

É tudo verdade, Camila.
Eu convivo com meu filho de 3 anos e aprendo muito com ele...

Beijos!

Anônimo disse...

A infância é a melhor fase da vida.
Nós, os "grandinhos", temos que aprender a não perder a criança que existe dentro de nós. Dessa forma a vida fica, sempre, bem mais leve.

Beijos,

Leo disse...

Nossa, perfeito!
como eu sinto inveja dos pequenos também, se bem que em muitos pontos sou uma criança tbm. hehe

Mas então, por isso que escreves tão bem! Desde pequenina escrevendo diários, pena que não existe mais esse costume, né?

Beijos beijos...

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