terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tão logo

Tão logo eu te sorri,
você veio comigo
Com corpos e mentes
estamos a caminhar

Sobre ideias e ideais
a gente divaga bem devagar
Encantos por todos os cantos
a vida há de nos proporcionar

Nada é não dito,
mesmo no silêncio...
Bendito silêncio!

domingo, 26 de setembro de 2010

Abençoar

O que é abençoar 
senão bendizer?
Qualquer pessoa 
tem esse poder
Abençoar o outro 
é também à si
o bem fazer

Elogio sincero
Sorriso de paz
Abraço de alma
Só bem isso faz

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sintoma da redoma que quebrou

Fora da redoma, 
a liberdade toma, 
se voltar não soma, 
expandir é sina, 
sair da rotina, 
subir a cortina, 
descobrir fascina!

[me desculpa a rima]

sábado, 18 de setembro de 2010

Como um rio

Como um rio, a vida é feita de renovações. Como um rio, a vida passa por períodos de cheia e também de escassez. Há tempos em que a água é turva e outros em que é límpida. Há tempos em que a correnteza é forte e há tempos de pura calmaria. Não há tristeza que não se vá nem felicidade que não se achegue. Muita coisa depende só mesmo da gente, pois sobre o rio da nossa vida nós temos certo controle. A vida é como um rio corrente e cheio de bifurcações, o que nos obriga a fazer constantes opções. A escolha das bifurcações, para muitos, é complicada. É vital uma boa dose de razão, mas também de sentimento nessas horas. De suma importância é, também, saber avaliar os riscos para que seja evitado qualquer sofrimento desnecessário, seja imediato ou posterior. Além de tudo isso, é preciso coragem para assumir a decisão, pois muitas vezes a bifurcação escolhida tem correnteza tão voraz que não permite que se volte atrás para tomar um outro caminho. Mesmo em águas calmas, nas quais se consiga retroceder no percurso, a tarefa não é nada fácil, pois as águas do rio sempre continuam seu curso, independente de qualquer coisa e remar contra a corrente despende não só muita vontade, mas também enorme esforço.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Rei

esse é teu império
são limites o céu
e o alcance dos olhos

soberano, intangível
você, Rei, observa,
manda e desmanda

lá do pedestal,
metros e metros,
tu jamais desceste

teu olhar mira
à frente,
à cima

mas tu não te moves mais,
meu Rei,
por quê?

passaram-se cem anos,
viraste estátua,
perpétua, sim,
mas calada

teus súditos são outros

eles não se importam
te sobrevoam,
te pousam,
te sujam

teu legado, qual é?
em nada nem ninguém
ficou bom vestígio teu

a quem passa,
quando te vê,
nem mesmo resta
indagação sobre
quem fora aquela estátua

à eles tu és como nada
o sangue azul
não te fez eterno,
nem mesmo melhor

sábado, 11 de setembro de 2010

O engano

Ilustração: Re Maniassi
Eu detesto mentir e minto muito mal, por sinal. Porém, até aceito se preciso for. Eu faço esse sacrifício. Eu minto pra você, minto pra eles, minto pra quem, realmente, for necessário! A única pessoa pra quem eu me nego, em absoluto, a mentir ou manter no engano sou eu mesma. Comigo tenho firmado esse compromisso, que é definitivo para essa vida inteira. Não farei maquiagens diante do meu próprio espelho, não segurarei a lágrima do meu choro nem o riso da minha alegria. Só de reconhecer minhas fraquezas, além das virtudes, já me torno mais forte. Por isso serei sempre fiel a mim. E se, em algum momento, pairar a dúvida eu vou refletir até encontrar a minha resposta, pois nunca gostei das dúvidas. Pra mim elas representam um desafio que não me deixa descansar antes de superar. Não suporto ver nada, seja gente ou seja assunto, em possível indefinição ou ou ambiguidade. Gosto e preciso das coisas claras, translúcidas. Meu único prazer com relação à dúvida é torná-la certeza, seja qual for a verdade. Aposto todas as fichas, dou todos os meus bois pra sanar/sarar a tal. Em troca, um alívio incomparável e sem preço.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Você me (faz) chama

De longe teus olhos me chamam
Brilham tal qual chama acesa ao me ver
A cada passo meu coração se aquece
Pois que também é como chama a arder
De perto teu braço me abraça
Teu peito em calor me acolhe assim
Contigo não há pranto, mas paz
Bendigo os céus, pois sou feliz agora, enfim

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Olá, novato

Paguei pra ver e vi. Tudo ali, como bem pensei um dia, ou melhor, como nunca imaginei! Contente agora? Parece que não (parece?). Quantos espetáculos terei mais por essa vida real, que, às vezes, parece mais é irreal de tão bizarra que insiste em ser. Por tantas vezes se assemelhando a comédias e dramas infindáveis que duram apenas algumas horas. A vida é pura contradição, a gente é pura contradição. Nada é definitivo, senão a transitoriedade das situações e condições. Talvez essa seja a graça. Por mais que se seja veterano, por aqui a gente é sempre novato. Novato, ingênuo, inexperiente. E, por mais que se aprenda, sempre há muito o que aprender e são tantas as possibilidades que não há como se acostumar plenamente à vida em si, às suas singularidades. Assim é, e assim deve ser, pois só o novato vê com olhos de quem jamais viu, se surpreende com pequenas coisas, se deslumbra ao ver a Lua, se apaixona ao ver um gatinho na calçada, agradece poder desfrutar cada pôr-do-sol...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Se é pra falar de amizade...

De vida sem ti não me recordo
Infância sem você não houve
Aprendi a andar ao seu lado

Te vi quebrar a cara diversas vezes
Até mesmo o dente naquela ocasião
Festas secretas, primeiro namorado
Muitas experiências compartilhadas

Hoje as histórias são outras,
Mas, fora isso, tudo continua igual
Vinte e dois anos depois,
Não importa onde estejamos
Não importa quais serão os propósitos
Estaremos juntas até sempre.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Onde nascem os sóis

Por detrás desta montanha existe um mar, de onde nascem os sóis todos os dias, é de lá que emana a primeira luz. Ah, se não houvesse essa montanha à minha frente... Se eu vivesse do outro lado... Poderia eu ter acesso a toda essa luz diariamente horas e horas antes. Teria presente em meus dias os raios de sol por muito mais tempo. Mas o que me prende aqui se eu não tenho raízes, mas sim pés? Ao contrário dos que têm raízes eu tenho a sorte de poder escolher! Vou atravessar essa montanha para viver do outro lado. Em um lugar cheio de luz eu só posso ser muito feliz. E mesmo que demore um pouco ou bastante, sem dúvidas valerá a pena cometer o sacrifício da travessia, pois o sacrifício de passar a vida inteira à sombra desta montanha com muito menos horas de sol por dia seria muito maior. 
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