quarta-feira, 22 de junho de 2011

A fábula do ontem

Kandinsky
Há histórias fabulosas... que mais parecem estórias, sim, pois só a mente humana é capaz de criar estórias tão extraordinárias, tão raras. Cada uma é única, irrepetível, pois como já foi dito certa vez, "nenhum homem se banha duas vezes no mesmo rio". Depois que passa fica a lembrança do que a gente foi, da sensação que tínhamos. Uma vez ouvi em um filme que nós, seres humanos, somos viciados em sensações. Essa frase, naquele contexto, me fez refletir um tanto e concordar com ela. A gente realmente se "vicia" e, instintivamente, procura ter mais um pouco daquela sensação que certas coisas, pessoas ou situações nos proporcionaram, porém, é impossível encontrar outra sensação idêntica em uma nova experiência, pois, retomando a metáfora, você já não será o mesmo homem e as águas do rio também não serão as mesmas. Uma determinada sensação só pode ser reencontrada integralmente em um único local: na lembrança, no registro de memória. Talvez seja assim justamente porque nós achamos mais fácil dar valor as coisas mais escassas e de difícil acesso da vida, e também, claro, porque essas histórias se dão o devido valor e não ficam se repetindo por ai como os espetáculos do nascer e do por do sol, recorrentes diariamente, os quais quase ninguém se lembra mais de admirar. Se fosse ordinário não seria tão especial. Tal singularidade é a responsável por tornar certos sentimentos/sensações tão incríveis e inesquecíveis a ponto de conseguir fazer um ser humano viver uma vida inteira com aquela lembrança do longinquo como se fosse do ontem. E ai? Em qual sensação você é viciado?
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