quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Rei

esse é teu império
são limites o céu
e o alcance dos olhos

soberano, intangível
você, Rei, observa,
manda e desmanda

lá do pedestal,
metros e metros,
tu jamais desceste

teu olhar mira
à frente,
à cima

mas tu não te moves mais,
meu Rei,
por quê?

passaram-se cem anos,
viraste estátua,
perpétua, sim,
mas calada

teus súditos são outros

eles não se importam
te sobrevoam,
te pousam,
te sujam

teu legado, qual é?
em nada nem ninguém
ficou bom vestígio teu

a quem passa,
quando te vê,
nem mesmo resta
indagação sobre
quem fora aquela estátua

à eles tu és como nada
o sangue azul
não te fez eterno,
nem mesmo melhor

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